ATA DA VIGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 14.08.1990.

 


Aos quatorze dias do mês agosto do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, dedicada a homenagear o Clube dos Diretores Lojistas pelo transcurso de seu trigésimo aniversário. Às dezessete horas e vinte minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Economista Alécio Ughini, Presidente do Clube de Diretores Lojistas de Porto Alegre; Dr. Hélio Corbelini, Secretário do Governo Municipal, representando o Prefeito Municipal de Porto Alegre; Dr. Marivaldo Tumelero, Vice-Presidente do Clube de Diretores Lojistas de ­Porto Alegre; Dr. Fúlvio Araújo Santos, Presidente da Confederação Nacional dos Diretores Lojistas; Sr. João Pedro ­Escosteguy, Presidente da Federação dos Clubes de Diretores Lojistas do Estado do Rio Grande do Sul; Senhora Clara Maria Serrano, Presidente da Comissão dos Festejos do Trigésimo Aniversário do Clube de Diretores Lojistas de Porto Alegre; e Ver. Nelson Castan, autor da proposição e Secretário "ad hoc" na ocasião. Após, o Senhor Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, destacando a importância social das atividades do Clube dos Diretores Lojistas da Cidade de Porto Alegre e, parabenizando o referido Clube, anunciou a execução de números musicais pelo Coral Banrisul sob a regência do Maestro Gil de Roca Sales. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Nelson Castan, como autor da proposição e em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PTB, PSB e PL, discorreu sobre os motivos que o levaram a propor a presente homenagem e sobre a importância da atuação do Clube dos Diretores Lojistas de Porto Alegre. Analisou a questão da liberdade para o comércio lojista e defendeu, referindo-se à adoção do "sábado inglês", a livre negociação entre comerciários e comerciantes. O Ver. João Motta, em nome das Bancadas do PT e PCB, salientou a atuação do Clube dos Diretores Lojistas de Porto Alegre enquanto clube de serviços e sua importância para o desenvolvimento econômico da Cidade. Reportou-se ao projeto de humanização do Centro da Cidade e o apoio que o Clube vem prestando ao referido. E o Ver. Vicente Dutra, em nome das Bancadas do PDS e PFL, historiou as atividades do Clube dos Diretores Lojistas de Porto Alegre. Citando os nomes dos ex-Presidentes dessa entidade, afirmou que, mais do que participarem simplesmente da história desta Cidade, foram agentes ativos dessa história. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Economista Alécio Ughini que, em nome do Clube dos Diretores Lojistas de Porto Alegre, agradeceu a homenagem prestada por este Legislativo e discorreu sobre os objetivos que norteiam as atividades desse Clube. Em prosseguimento, o Senhor Presidente solicitou ao Ver. Nelson Castan que procedesse, em nome desta Casa, à entrega de um exemplar da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre ao Presidente do Clube dos Diretores Lojistas de Porto Alegre. Às dezoito horas e quatorze minutos, o Senhor Presidente levantou os trabalhos da presente Sessão, agradecendo a presença de todos e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Nelson Castan, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Nelson Castan, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1° Secretário.

                                                                                                                                             

O SR. PRESIDENTE: Nós saudamos também o Secretário do Planejamento, Dr. João Carlos Vasconcellos, que se encontra conosco, seja bem-vindo, e os demais amigos, em especial em nome dos demais lojistas que se encontram nesta Casa, o Moisés. De imediato nós anunciamos a apresentação do Coral do Banrisul, sob a regência do Maestro Gil de Rocca Salles.

 

O SR. GERSON: Gostaria de externar a satisfação do Coral do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, pela oportunidade que temos de participar desta Sessão Solene, em homenagem aos 30 anos do CDL. O Coral Banrisul é formado exclusivamente por funcionários do Banco e tem, desde a sua fundação, ao longo de quase 23 anos, a regência do Maestro Gil de Rocca Salles. Dos quatro números que o Coral interpreta, o primeiro até é uma composição que foi feita na época em que o CDL foi fundado. O autor é um compositor paulista, natural de Pirajuí, Tito Madi e esta composição ele fez aqui em Porto Alegre, às margens do Rio Guaíba, "Gauchinha Bem- querer".

O Segundo número é uma melodia afro-americana, O negro espiritual. We're you there.

O terceiro número Veterano foi a música vencedora da 10ª Califórnia da Canção Nativa que se realiza em Uruguaiana. Os autores são Augusto Ferreira e Everton Ferreira, e esta música é considerada uma das mais populares. "Veterano".

O quarto número que o Coral Banrisul apresenta e sempre é bom dizer que as músicas que o Coral interpreta, gaúchas e brasileiras, têm um arranjo escrito pelo Maestro Gil de Rocca Salles. Esta música além de ser uma canção ecológica atenta também para a fraternidade universal entre os povos, de Elton Saldanha, "Os Cardeais".

Maestro Rocca Salles, bom é pouco, excelente é pouco, brilhante ainda é pouco. Nossos cumprimentos ao grupo maravilhoso. Imagino que entre os bons estivesse também o Cláudio Conceição, o Claudião. Meus parabéns em nome da Casa e em nome dos Diretores Lojistas. Venham sempre, pois nós precisamos ouvir essas músicas maravilhosas, até para dar uma limpada na alma. Muito obrigado pela presença. (Palmas.)

Gostaria de registrar, com muito prazer, a presença do ex-Presidente Wilson Naar, que é um grande amigo da Casa. O primeiro Vereador a fazer uso da palavra será o Ver. Nelson Castan, autor da proposição, que fala pela sua Bancada, o PDT, e pelas Bancadas do PMDB, PCB, PSB e PL.

 

O SR. NELSON CASTAN: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Economista Alécio Ughini, Presidente do Clube de Diretores Lojistas da nossa Cidade, senhores lojistas; senhoras e senhores. (Lê.)

Um Vereador é um representante da comunidade, por ela eleito para zelar pelos interesses comuns. O Clube de Diretores Lojistas de Porto Alegre, nos seus trinta anos de história, tem sido uma parte integrante e atuante desta comunidade.

Ao representar a atividade comercial em nossa Cidade, o CDL é hoje uma das forças propulsoras do progresso da nossa gente, gerando empregos, fazendo circular a riqueza e recolhendo tributos aos cofres públicos.

Os empresários lojistas de nossa Cidade, representados pelo CDL, estão conscientes da peculiaridade que vive a Nação brasileira neste instante de propaladas transformações nas regras da economia.

Muitas questões invocadas contemporaneamente pelo discurso oficial são, na verdade, velhas conhecidas dos lojistas. Falar em livre concorrência ou liberalismo é a prática do comércio há muitos anos. Trata-se de um setor fundamental da atividade econômica que nunca teve ao seu dispor quaisquer benesses ou cartórios onde pudesse se proteger.

Por outro lado, os empresários do comércio buscam aprofundar-se no sentido e nas conseqüências da chamada integração econômica internacional. Sabem os lojistas que mesmo as suas atividades não sendo atingidas em um primeiro momento, o comprometimento de outros setores produtivos poderá trazer reflexos negativos sobre a atividade comercial.

Se algumas atividades econômicas do Rio Grande do Sul, sejam a agricultura, a pecuária ou a agroindústria, forem lançadas em processo de retração e encolhimento, também o comércio lojista será afetado pois a renda consumida nas lojas é gerada também por aquelas atividades.

Muitas vezes vocês empresários se perguntam sobre a coerência de um discurso que prega o liberalismo, a modernidade , a integração e os códigos do consumidor, enquanto a prática que se observa é de um intervencionismo nunca antes visto, seja na interferência e contingenciamento profundo sobre o mercado financeiro, seja na permanente elevação da carga fiscal que onera os custos das empresas e, conseqüentemente, os preços dos produtos que vendem.

Tenho a absoluta convicção de que os lojistas de Porto Alegre não buscam do governo qualquer tipo de paternalismo, mas apenas regras estáveis nas quais possam trabalhar e expandir os seus investimentos.

Apesar das profundas modificações recentes trazidas ao cenário econômico os lojistas sabem que o crescimento dos seus negócios está na dependência direta de uma política salarial para toda a sociedade que dê aos trabalhadores poder aquisitivo e tornando-os efetivamente consumidores. Sabemos que em nosso País aproximadamente 40 milhões de brasileiros estão completamente à margem de um padrão mínimo de dignidade humana e, portanto, ainda distantes do mercado consumidor.

Qualquer política econômica, por mais modernizante que se pretenda, não será suficiente se a ela não se adicionarem elementos que permitam o resgate desse povo marginalizado. Por todas estas razões é que os dirigentes lojistas têm feito previsões sobre o desempenho do comércio ao longo de 1990, estimando uma queda de 20% nas vendas reais do setor.

A cidade de Porto Alegre tem assistido, nestes trinta anos, profundas modificações. O CDL está sintonizado com elas, sempre procurando adaptar-se às novas realidades para bem servir. Durante as gestões de Jorge Franke Geyer, Ricco Harbich, Odo Cazzulo, Mário Hofmeister, Nelson Langer, Luiz Carlos Serrano, Hélio Maurer, Luiz Antônio Pereira da Silva, Fausto Araújo Santos, João Pedro Escosteguy, Alberto Sehbe Simon, Egydio Pedro Backes, Vilson Nöer, Atílio Manzoli, José Walter Vasquez e, atualmente, Alécio Ughini, o CDL extrapolou seus objetivos iniciais de “promover maior aproximação entre os dirigentes de lojas de varejo para a adoção de um amplo programa de trabalho”. Foi muito além, integrando-se de forma perene à comunidade maior de Porto Alegre.

Para nós, como Vereador desta Cidade, é motivo de honra ter sido autor da proposição, aprovada por esta Casa, que requereu a realização desta Sessão Solene. Ainda mais por tratar-se o CDL de uma entidade atenta aos problemas e anseios da população. Mais do que a máxima “o cliente sempre tem razão”, o Clube de Diretores tem se associado a realizações de caráter eminentemente social, como a compra de aparelhos de rádio para a nossa Brigada Militar, ou a adoção da Praça Otávio Rocha. A Praça é do povo, mas quem devolverá a praça ao seu dono, através da reformulação, limpeza e conservação das instalações, é o CDL.

Queremos assumir aqui, de público, a nossa posição favorável ao livre funcionamento do comércio, sempre ressalvando os direitos a todas as partes envolvidas, assim como buscando sempre o diálogo com os funcionários, ouvindo as suas ponderações, num esforço permanente de entendimento e harmonia. Aceite os senhores o meu mais profundo respeito pelo trabalho empreendedor que realizam.

Eu quero me permitir sair do roteiro para trazer um testemunho aos Senhores Empresários lojistas, de conversas freqüentes que eu tenho com a Direção do Sindicato dos Comerciários. E da última conversa que tivemos, ontem à tarde no meu gabinete, ficou para mim a impressão bem definida de que a vontade dos trabalhadores no comércio é de um entendimento com os órgãos dirigentes do setor lojista, eles acham que essa questão que já fica velha ­- o sábado-inglês - ou outros nomes que se queira dar, as restrições que se tentam impor, deve ser resolvida no contato, na conversa, no diálogo direto entre o Sindicato dos Comerciários e os representantes lojistas de Porto Alegre. Inclusive acham que esse processo, eu sou um Vereador de primeira legislatura, mas pelas informações que eu tenho, ano após ano essa questão vem à Câmara Municipal. Eles entendem, eu entendo também, que esse assunto a Câmara não tem muito a colaborar, eu acho que deve ficar a critério das partes envolvidas, no entendimento, eu acho que as perspectivas, segundo eles me transmitiram, as perspectivas são boas neste sentido, sem a interferência de legislação externa, artificial , que sairia desta Casa. Para finalizar, aceite os Senhores o meu mais profundo respeito pelo trabalho empreendedor que realizam. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. Nelson Castan para fazer parte da Mesa. Com a palavra o Ver. João Motta, que falará pela Bancada do PT e pela Bancada do PCB.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; senhoras e senhores: o CDL, fundado em 9 de agosto de 1960, atualmente presidido pelo ilustre Economista Alécio Ughini, envolve, no âmbito do Município, uma atividade que associada à própria atividade do comércio pode ser considerada como sendo uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento econômico do Município. Nós sabemos da importância deste trabalho na medida em que temos claro o entendimento de que o comércio é, sem dúvida, o mais importante segmento da estrutura econômica do Município de Porto Alegre. E o desenvolvimento desta atividade tem pressionado de forma positiva o desenvolvimento de outros setores, como é o caso do setor da indústria que é, também, um setor muito dinâmico na nossa economia. Portanto, sob este ponto de vista, podemos afirmar que as iniciativas que em nível de Governo Municipal muitas vezes têm sido tomadas para discutir, por exemplo, a humanização do Centro, bem como a possibilidade de criação de Centros Comerciais na periferia da Cidade, são iniciativas que colocam como objetivo principal, fundamental, exatamente este, ou seja, garantir, viabilizar o papel importante que o comércio tem na estrutura econômica do Município. Portanto, toda atenção que temos dado ao CDL está enformada por esta lógica e por esta preocupação. Isto tudo ocorre em meio a um processo de ajuste da economia brasileira que, da nossa parte, vem recebendo uma veemente crítica. Poderíamos até falar rapidamente e traçar um paralelo com os projetos e processos de ajustes econômicos de que países, no mundo inteiro, com processos de industrialização também mais atrasados, vivem e viveram, como é o caso da Espanha, Coréia e a própria Itália, que ajustaram a sua economia garantindo empregos e salários para os trabalhadores. Não vem sendo esta a lógica do atual ajuste econômico da economia brasileira, motivo pelo qual tem razão o CDL quando comenta que se percebe uma diminuição de pelo menos 20% no comércio em nossa Cidade. Existem muitos outros dados, dados do comércio de São Paulo, também, que é em torno de 20% também. Portanto, não pode­mos concordar com esta saída que hoje se busca para a crise brasileira e que significa concretamente o sacrifício de milhares de empregos e de um arrocho, de uma perda salarial sem precedentes na história política brasileira, nos últimos anos, nas últimas décadas. Em segundo lugar, gostaríamos de reafirmar que não encontramos outra saída para um processo de desenvolvimento econômico equilibrado e justo sem que as chamadas relações de trabalho se dêem em cima de um mínimo de respeitabilidade, de cumprimento dos direitos sociais, dos chamados direitos trabalhistas. Portanto, nós concordamos com Luiz Gonzaga Belluzo, que é um economista reconhecido nacionalmente, quando fala que no Brasil nós temos relações de trabalho estruturais e socialmente enformadas pela idéia da escravidão. Nós concordamos com isto e queremos afirmar que não encontramos outro parâmetro para se buscar, neste momento de crises e dificuldades, o equacionamento da relação capital- trabalho, que não seja informado por esta respeitabilidade e por este equilíbrio. Portanto, a jornada de trabalho, o direito ao descanso, bem como também o direito à recuperação das perdas salariais nos parece que colocam referências nesta relação de trabalho e que deve ser preservada por todos nós, inclusive pelos senhores lojistas. Ao concluir, gostaria de reafirmar, em nome da Bancada do PT e do PCB, que muito nos honra estarmos participando desta atividade e dizer que a responsabilidade política, enquanto cidadãos, de construirmos, ainda, neste País, um Estado de direito democrático, baseado no fim da marginalização econômica e social de milhões, e que afirme de fato a igualdade de direito, bem como também pressupõe a existência de uma sociedade civil, pluralista, de massa e autônoma, me parece que é uma tarefa de qualquer cidadão consciente e digno que more neste País e o ame. Agradeço, em nome da Bancada a oportunidade de ter participado deste ato. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. João Motta para participar da Mesa. Está com a palavra o Ver. Vicente Dutra que falará em nome da Bancada do PDS e PFL.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal, ilustre economista Alécio Ughini, Presidente do CDL, Srs. Lojistas, Senhoras, imprensa, Srs. Vereadores. (Lê.)

É significativo que a Câmara Municipal dedique sua merecida atenção às homenagens que, em nome da comunidade porto-alegrense, vem sendo prestada ao Clube de Dirigentes Lojistas. A história dos trinta anos de nossa Capital somente pode ser lembrada através dos caminhos em que sua população, sua política e sua economia andarem irmanadas, em relações bastante estreitas com o CDL.

O Clube de Diretores Lojistas de Porto Alegre nasceu em uma reunião-almoço no dia 12 de agosto de 1960, no restaurante do Palácio do Comércio, aonde compareceram representantes das mais expressivas casas comerciais da Cidade, verdadeiras vanguardas de nosso desenvolvimento, o qual foi, majoritariamente, por elas construída e no qual inscreveram seus nomes para sempre: lá estavam os representantes do Krahe, Mesbla, Livraria do Globo, Guaspari, Sloper, Americanas, Imcosul, Masson, Renner e Coates, além do Sindicato dos Lojistas. A reunião tinha por objetivo debater e concretizar um maior entrosamento entre eles, iniciativa que não poderia ter sido mais feliz nem mais exitosa. Também pudera. À sua frente, como pioneiro e líder, encontrava-se Jorge Franke Geyer, secundado por Ricco Harbich e Lloyd Polidore.

Pois apenas onze dias depois - em 23 de agosto daquele ano - essa diretoria era empossada, em solenidade que teve por lugar o Hotel Umbu, e à qual compareceram as mais altas autoridades da Cidade e do Estado.

Não bastassem a eficiência e a segurança de sucesso da entidade que seus próceres podiam prometer, o CDL de Porto Alegre veio a participar da Segunda Convenção Nacional de CDL, no Rio de Janeiro, menos de dois meses depois, e nosso representante, o mesmo Jorge Franke Geyer, foi eleito vice-presidente nacional.

É muito longa a história dos êxitos que o CDL ajudou a escrever em nossa Cidade, e eu não poderia deixar de citar, aqui, nessa homenagem, os nomes dos homens que empunharam essa pena, enfrentando, às vezes, o aplauso e, às vezes, os obstáculos comuns das grandes jornadas. Depois de Jorge Franke Geyer e antes de chegarmos ao nosso querido e competente Alécio Langaro Ughini, convivemos com inesquecíveis nomes representativos do setor lojista: Ricco Harbich, Odo Cazzulo, Fausto Araújo Santos, Mario Bento Hofmeister, Nelson Reinaldo Langer, Alberto Sehbe Simon, José Walter Vasquez, Helio Maurer, Egídio Pedro Backes, Luiz Antonio Pereira da Silva, Luiz Carlos Serrano, João Pedro da Cunha Escosteguy, Atilio Manzoli e Vilson Nailor Noer, só para lembrar os que ocuparam a presidência, mas sem esquecer os inúmeros colaboradores e incansáveis companheiros que, quase sempre anonimamente, emprestaram o melhor de seus esforços pessoais. Pois nada foi em vão.

Pensando que escreviam a história do Clube de Diretores Lojistas, estes homens passaram trinta anos escrevendo a história da Cidade, a história do denodo e a história do trabalho, com sua pertinácia característica e com o desenvolvimento em que arrastaram outros segmentos da sociedade. Por estes motivos o Partido Democrático Social já teria suficiente justificativa para sentir-se honrado em participar da homenagem que a comunidade porto-alegrense lhes presta. O Clube de Diretores Lojistas, contudo, tem empunhado, ao longo dessas três décadas, a inquebrantável bandeira da livre iniciativa, da empresa forte e da única conseqüência que conhecemos como resultado dessas premissas, que é a mais consistente das economias. E nós do PDS, cuja Bancada me lisonjeou com a representação outorgada nesta sessão, sentimo-nos honrados, também, em poder carregar essa mesma bandeira e participar dessas mesmas convicções.

Estamos convictos - e a história recente confirma - que o caminho seguro do desenvolvimento harmônico, vale dizer - único caminho já comprovado de equilíbrio social, é o que se baseia na livre iniciativa. Esta é a verdadeira liberdade: que é inato a pessoa de comprar ou vender; de negociar; de concorrer com a qualidade e com os preços melhores.

E por acreditar na liberdade como fator de desenvolvimento é que a nossa Bancada defende a liberdade de horário para os negócios a varejo, rejeitando qualquer iniciativa que possa inibir o livre comércio em Porto Alegre, rejeitando assim o chamado sábado-inglês que é danoso à Cidade como um todo e principalmente aos trabalhadores.

Pois em nome do PDS, em nome da Câmara Municipal, em nome da cidade de Porto Alegre, e diante da certeza de que esse passado de êxitos constitui-se, apenas, na construção de um futuro cada vez mais próspero, é que eu manifesto o mais sincero agradecimento. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Economista Alécio Ughini, Presidente do Clube de Diretores Lojistas de Porto Alegre.

Gostaria de convidar o Ver. Vicente Dutra para fazer parte da Mesa.

 

O SR. ALÉCIO UGHINI: Exmo Sr. Vereador Valdir Fraga, muito digno, operoso e brilhante Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Nelson Castan, autor do Requerimento e os demais que nos homenagearam com suas palavras, Excelentíssimos Srs. demais Vereadores presentes que nos prestigiam nesta solenidade. Excelentíssimo Sr. Dr. João Vasconcellos, Secretário do Planejamento do Município e ex-Secretário da Indústria e Comércio, com quem nós tivemos também um excelente relacionamento na Prefeitura de Porto Alegre, Excelentíssimo Sr. Dr. Fúlvio Araújo dos Santos, Presidente Nacional dos Diretores Lojistas que eu peço permissão ao Plenário para cumprimentar porque na última semana foi reeleito para a Presidência Nacional do CDL, é um dos inspiradores do Movimento Lojista Nacional a quem nós devemos muito, e esta homenagem também tem muito com a figura de Fúlvio Araújo dos Santos que tem nos estimulado com a Presidência do CDL de Porto Alegre. Excelentíssimo Sr. Dr. Atílio Manzolli, ex-Presidente do Clube, Excelentíssimo Sr. José Niukmann, Presidente do Serviço de Proteção ao Crédito. Crédito é um serviço ligado ao CDL que efetivamente protege o crédito dos consumidores de Porto Alegre. Demais associados do CDL; senhoras e senhores. Antes, e por oportuno, não esquecer de fazer a nossa homenagem, o nosso agradecimento ao Coral do Banrisul, que, através do Dr. Ricardo do Banrisul, nos prestou esta bela homenagem a quem nós agradecemos e gostaria que por merecimento e por agradecimento constasse dos Anais também. Minhas senhoras e meus senhores. (Lê.)

É com imensa satisfação que o Clube de Diretores Lojistas de Porto Alegre recebe a homenagem do Legislativo Municipal no momento em que completam trinta anos. Fundado por iniciativa de um grupo de empresários, sob a liderança de Jorge Geyer, o CDL de Porto Alegre nasceu com o objetivo de aprimorar as relações entre lojistas, no sentido de viabilizar um maior conhecimento e desenvolvimento da atividade e, conseqüentemente, a prestação de melhores serviços a toda comunidade.

Ao longo de três décadas presenciamos algumas das maiores transformações já ocorridas na história da humanidade. De maneira contínua e acelerada vimos ampliarem-se os limites do universo. O desenvolvimento da informática, da tecnologia, da medicina, da genética, das comunicações e dos transportes permitiu transcender os limites da inteligência humana, da doença, da fecundidade, aproximando o mundo e reduzindo as barreiras relacionadas com tempo e espaço.

No Brasil vivemos tempos difíceis de restrições às liberdades individuais, ao mesmo tempo em que constatamos a entrada do País na constelação das nações industrializadas.

Mudaram as circunstâncias, mudaram os padrões de comportamento, mudaram os homens e mulheres que compõem nossa sociedade. O consumidor que freqüenta nossas lojas não é mais o velho conhecido da casa da esquina, nem a Cidade guarda mais o sabor provinciano do passado. Trinta anos representam, sob a ótica da história, um breve fragmento de tempo, é verdade. Mas o volume e a intensidade das transformações ocorridas entre 1960 e 1990 nos levam a esquecer este parâmetro.

Minhas senhoras, meus senhores: O comércio varejista surgiu, e continua atuando, como elo final da cadeia econômica que propulsiona qualquer sociedade desenvolvida. O escoamento da produção passa forçosamente por nossos balcões, prateleiras e araras. Através desta atividade levamos conforto, satisfação pessoal, solução de necessidades, realização de sonhos, anseios e aspirações. Por nosso intermédio, cresce a arrecadação dos Governos Federal, Estadual e Municipal e floresce a produção gerada pelas indústrias. A existência de lojas gera empregos diretos e indiretos, movimenta o fluxo turístico, agiliza serviços complementares como a publicidade, os seguros, o sistema financeiro, os equipamentos de automação e uma infinidade de outras atividades.

Mas o comércio varejista é sensível à qualificação de certos pré-requisitos. Para funcionar adequadamente e prestar um serviço que venha ao encontro do consumidor precisamos contar com infra-estrutura compatível. Energia abundante para iluminar nossas lojas; segurança nas ruas; leis trabalhistas acordadas e capazes de satisfazer empregados e empregadores; tributação em condições de estimular a produção e a produtividade dentro dos padrões da formalidade e do exercício fiscal justo.

Mais do que tudo isso - Srs. Vereadores - mais do que tudo isso, no entanto, o comércio se alimenta de um quesito básico e essencial: a liberdade. Sem liberdade não se exerce a criatividade e sem criatividade não se estabelece a concorrência plena que é o único meio de satisfazer a decisão soberana de quem norteia todas nossas decisões: o cliente. Precisamos de liberdade para que a sociedade, como um todo, seja privilegiada em seu democrático direito de eleger o que comprar, quanto, quando e onde se abastecer.

Nesta Casa que pertence ao povo de Porto Alegre, onde já travamos embates, discutimos propostas e avaliamos posições, temos em comum - Vereadores e empresários - a certeza de que a liberdade é o valor maior a ser preservado.

E na condição de Presidente do CDL, quando falo em liberdade, refiro-me, evidentemente, à liberdade para o comércio profissional, condição básica para o fortalecimento do setor e desenvolvimento da sociedade como um todo. Se determinadas atividades funcionam regularmente, dentro de um clima de liberdade ampla, por que nos é vedado comportamento semelhante? Preservados os direitos trabalhistas, previdenciários e sociais, promoveremos assim maiores oportunidades de trabalho, aumento da arrecadação tributária e circulação mais eficiente da produção.

No momento em que falamos na integração do Cone Sul, precisamos estar atentos e sensíveis a esta realidade, irmanando também hábitos de compras e viabilizando o acesso ao consumo dentro de moldes sempre mais abrangentes

Ao agradecer a homenagem do Poder Legislativo de Porto Alegre ao Clube de Diretores Lojistas desta Cidade, expresso, certamente, o agradecimento de todos os lojistas e nosso respeito à atividade parlamentar aqui desenvolvida. Em nome dos ex-Presidentes do CDL, em nome da atual diretoria e dos associados e em meu próprio nome trago a público nossa gratidão, especial ao Vereador Nelson Castan, autor desta Sessão Solene que tanto nos sensibiliza. Ao longo de sua trajetória o CDL tem desenvolvido um trabalho intenso no sentido de trazer a esta capital o esforço da modernização de seu comércio. O estabelecimento de padrões atualizados, a publicação de termômetros de vendas tecnicamente elaborados, a realização de congressos, seminários, encontros e convenções e a adoção de posturas claras com relação a nossos parceiros comerciários, índices, preços, salários e política econômica, são algumas de nossas contribuições ao processo de desenvolvimento que tentamos levar ao Estado e ao País neste limiar de novo século.

A todos os presentes, ratifico a proposta de que, juntos, poderemos fazer desta Cidade o lugar com o qual sempre sonhamos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrarmos a presente Sessão Solene, gostaríamos de passar às mãos do Sr. Alécio Ughini, Presidente do CDL, a nossa Lei Orgânica encadernada, já que na ocasião em que ela foi elaborada estiveram, aqui, junto com os Vereadores, fiscalizando, dando sugestões. Gostaria que o Ver. Nelson Castan fizesse a entrega em nome dos 33 Vereadores.

Encerramos os trabalhos, agradecendo a presença de todos os presentes.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h14min.)

 

* * * * *